terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Yawp

Sempre achei imensa piada quando nos cruzamos com alguém na rua e que nos pergunta “então tudo bem?”. Às vezes só me apetece dizer “não, não está tudo bem” e começar a contar-lhe todos os pormenores da minha existência…não ficava nem dois minutos. Ninguém quer saber como realmente estás, é só para manter a máscara. Agora se eu disser “vamos beber um café”, então aí já temos assunto: futebol, gajas, pneus do carro, telemóveis. “E porque o meu já não apanha rede” e “que este mês já gastei 35 euros”. Mas quem é que quer saber estas merdas? Eu quero lá saber se aquele foi convocado se o outro está aleijado ou se o jornal de hoje tem suplemento. Não quero saber, simplesmente NÃO QUERO SABER. Mas não pode ser assim…há o socialmente correcto. “Epá o teu telemóvel é jeitoso”… “olha o meu é um 6230 e o teu?”… “Epá, deve ter sido caro”…“vê lá que agora o meu carro anda a beber demais, tenho de ir lá a baixo ao fulano tal” e depois termina-se com a conversa do costume “gostei de te ver, cumprimentos à (depois nem sabemos o nome dela) e fica bem”.

Tenho vontade de fugir…chego a ter vontade de rir, de quê não sei, só rir. Ando no mundo só por andar, vivo porque a vida dura (como dizia o outro), podia bem ser um candeeiro de rua…se calhar até gostava, de não sentir.

Um comentário:

teorias disse...

O socialmente aceite é uma forma de nos vergarmos perante o controlo... não sei bem de que nem para quê... gostei da reflexão... e comentei... não porque senti obrigação social por ter lido... mas antes porque me apeteceu fazê-lo... apeteceu-me e pronto!