sábado, 24 de novembro de 2007

Brokeback Mountain de Ang Lee


O poder do silêncio. O silêncio dos olhares. O silêncio da cumplicidade. O silêncio dos gritos surdos. O silêncio da paixão. O silêncio do abraço. O silêncio da dor. O silêncio que nos vai no peito, quando o coração já não nos pertence, já é da história, já vive por aquela história de amor, trágica, arrebatadora e comovente como poucas. Assim é Brokeback Moutain. Desengane-se aquele que pensa ir ver um filme que toca ao de leve a homossexualidade e que nem reserva muito espaço ao amor, Brokeback é denso, quase violento na forma como nos tira o ar e nos abala. Heath Ledger e Jake Gyllenhaal estão soberbos, dando corpo e espírito a estes seres confusos, profundos, hesitantes.

Este filme está longe de acabar com o rolar dos créditos finais, entranha-se na mente, provoca reflexões e impõe-nos perguntas. Que máscaras usamos para enfrentar o mundo? Até que ponto estamos dispostos a ir para alcançar a felicidade? E se essas máscaras nos protegem e nos deixam aparentemente ilesos, vão-nos progressivamente devorando por dentro, aniquilando toda e qualquer réstia de esperança por uma vida completa, inteira. Vemos desenrolar-se diante nos nossos olhos o que nos custa acreditar ou mesmo admitir: que é possível viver uma vida inteira numa mentira, com uma máscara, escondendo esta ou aquela parte de nós, vivendo para sempre incompletos. E se o preconceito, os olhares julgadores e as mentes encobertas são cruéis e terríveis, não será mais apavorante e doloroso não vivermos de facto? Sermos em pedaços?
O filme que há muito faltava.

Um comentário:

JoanaLobo disse...

é mesmo! sem duvida um dos melhores filmes que ja vi!