sábado, 24 de novembro de 2007

Insatisfação

Falta-me a luz que ilumina o passeio, falta-me um cobertor que me cubra por completo, falta-me a beleza dos sítios que nunca visitei e o sabor dos beijos que não dei. Falta-me que a neve brinque na minha pele, que o sal do mar me eleve até aos primeiros raios de sol, falta-me o quente que sai do forno e veste a casa, falta-me o cheiro do doce da avó acabado de fazer. Faltam-me as sombras na parede e os lápis de cera. Falta-me dançar num salão repleto de almas vazias com um vestido majestoso, que esconda as piruetas da minha fantasia. Falta-me dançar à chuva em todo e cada dia em que ela nos visitar, falta-me abraçar uma árvore e deixar que a força da natureza me erga até as nuvens me despentearem. Falta-me desenhar-te na minha pele e guardar-te eternamente sem te apagar. Falta-me ouvir os silêncios dos olhares e beber os néctares da música, do piano das paixões, do violino do mundo. Falta-me espaço para ser. Sinto-me estreita como a rua por onde passa o eléctrico dos meus sonhos.

Nenhum comentário: