sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Adormecida

Adormecida no tempo. A vida passa por mim e nem sequer sussurra. Deixa-me inerte e pesada, colado ao chão, sem que o vento consiga passar por de baixo para me levantar. As cores fugiram-me como areia que se escoa por entre os dedos. É o cinzento que me visita agora e que preenche todo o espaço que me rodeia, nesta eterna melancolia. São incolores os meus sentidos e apagadas as palpitações. As pálpebras pesam-me como dois navios e o deserto alonga-se pelos meus lábios, áridos e ausentes. Permaneço sem me mexer no silêncio escuro e áspero. Mas a alma queixa-se e dói-me. Preocupa-se com os sentidos adormecidos, preocupa-se com a ausência de forças para que me mova. E é no seu canto mais profundo que uma ténue luz brilha, rezando para que uma gota de chuva caia sobre mim, role sobre o meu rosto, desperte os meus olhos, humedeça os meus lábios e me acorde de vez para a vida.



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