sábado, 24 de novembro de 2007

The Virgin Suicides de Sofia Coppola

"We knew the girls were really women in disguise, that they understood love, and even death, and that our job was merely to create the noise that seemed to fascinate them."

É o filme debut de Sofia Coppola e depressa se percebe a genialidade desta menina-promessa do mundo do cinema. The Virgin Suicides, baseado no romance homónimo de Jeffrey Eugenides, retrata a história de um grupo de irmãs adolescentes, os seus pais austeros e o encanto que elas provocam num grupo de jovens rapazes. A grande conquista de Sofia foi conseguir tratar a adolescência de forma tão cuidada e sensível, como raramente é visto. Mas o filme é sobretudo sobre a perda da inocência e a falta de experiência, não sexual somente, mas de vida e a incapacidade de compreender e aprender. Faz parte de todas as vidas de adolescentes a passagem por experiências inéditas que podem levar à compreensão e crescimento de cada um, ou por outro lado contribuírem para um afundamento progressivo na confusão e solidão interior. Sofia consegue captar uma atmosfera próxima de um sonho, entrando completamente no campo da memória, lembrando os verões passados, as paixões fugidias, o primeiro amor, onde a nostalgia substitui a realidade. Um filme envolvente que nos chama a atenção para o quão incompreendido se pode ser e o quão aparente consegue ser o mundo exterior, tão soalheiro mas que não espelha a maioria das vezes as sombras do mundo interior. Um filme com pormenores deliciosos (destaco a cena dos telefonemas musicais, mostrando a ligação que sempre existiu e sempre existirá entre a música e os sentimentos), com uma cinematografia notável e emoldurado com uma banda sonora envolvente, compondo deste modo um filme marcante.

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