sábado, 28 de setembro de 2013

Quando nos pomos a reflectir
de qualquer assunto existencial
há uma pergunta da qual não podemos fugir:
o que é realmente nosso afinal?

Serão as pessoas de nossa pertença?
Serão nossas as coisas materiais?
Talvez de nosso desde a nascença
só tenhamos as impressões digitais.

Seremos nós mesmo nossos
é o que importa perguntar
se até nos comem ou queimam os ossos
não estaremos todos para alugar?

sábado, 7 de setembro de 2013

Vamos silenciando demónios
mas há um que deixamos acordado,
engolimos os "tens" e os "deves"
e vem mais um dia asfixiado.

Isto não, porque choca alguém.
Isto não, porque não acham bem.
Isto não. E nós, ninguém?

Calcamos desejos eternos
fingimos os sonhos esquecer,
para agradar a todos os externos
e acabamos por ninguém satisfazer.

Vem a idade e o cinzento
e o negro não deve demorar
fechamos as vozes com a chave do desalento
mas há uma que não conseguimos calar...

Arrancam-nos o colorido
e até a carne dos ossos
de todos os outros temos sido
quando é que seremos nossos?

terça-feira, 18 de junho de 2013



Afago a escuridão
Como se precisasse dela.
Suga-me,
Sem que eu lhe ofereça resistência.

Que é da força
Que apregoavas, alma vencida?

Deixa-me, réstia de ânimo,
Também tenho direito
A chafurdar na depressão.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Vivo muitas vezes longe de mim,
sou lenda ou mito distante,
passeio à noite naquele jardim
de tantas almas sou comandante.

Sofro como os sós entre as gentes
como os que sonham e calam
somos mentes descontentes
a quem os desejos apunhalam.

Temos o devaneio como companheiro
somos borboletas em cativeiro
presas nas redes da insatisfação.

Temos voz para cantar
e até força para voar
mas nunca passamos do chão.


sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Estou vestida de Outono
e o revolver das folhas secas
já me sussurra ao ouvido...
Sopro para longe a inércia
e encho-me de cores quentes.
É hora!


domingo, 17 de junho de 2012

Esmagado em cinzas pelo chão
o intermitente infinito,
falha-me a absorção
mas por algo sempre palpito:

o mundo que trago ao peito,
às vezes fica-me largo e tantas vezes estreito...



domingo, 10 de junho de 2012

Tatuo no corpo as palavras
que me saltam da alma
mas não encontram o papel.
Mordo as sílabas
à espera do violinista.
Lambo o silêncio
que se afoga nos lábios.
 
Serena-me o amor
que me pinga dos olhos.
Exalta-me o sussurro
que guardo em búzio...


segunda-feira, 12 de março de 2012


Já não sei beber delas
como outrora me alcoolizavam.
Envelheço no lume oculto
junto à fera que as diz.
Ignoro o seu sentido,
desconheço já o seu sabor.
Regresso à insónia do corpo
sem que elas construam castelos.
Tenho a alma trespassada
pela memória dos lugares
dantes povoados em mim.


Morreram-se-me as palavras.