sexta-feira, 11 de junho de 2010

Vaz(io)

Busque Amor novas artes, novo engenho,
Para matar-me, e novas esquivanças;
Que não pode tirar-me as esperanças,
Que mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas, conquanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê;

Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como, e dói não sei por quê.

Luís de Camões

2 comentários:

Fipa disse...

pois...m foi msm assim que tive que publicar....ng oferece nd aos novos autores. paga-se bem...

JoanaLobo disse...

ultima parte, deveras ....poderosa