sábado, 24 de novembro de 2007

King Kong de Peter Jackson

"And lo, the beast looked upon the face of beauty. And it stayed its hand from killing. And from that day, it was as one dead"

E é assim. É assim que em 3 horas o cinema se eleva ao seu estado mais puro e que damos graças por ainda existirem cineastas assim tão dedicados e apaixonados pela 7ª arte. Peter Jackson conseguiu mais uma vez, depois de realizar a trilogia de Tolkien à qual dedicou 10 anos da sua vida, eis que retoma um sonho antigo, o remake de King Kong, que esteve sempre presente num cantinho da sua mente desde que viu o original de 1933 e que o fez decidir-se por, daí em diante, sentir e respirar cinema.

Eram necessárias 3 horas para contar uma história que todos já conhecem? Sim. Peter Jackson demora o tempo preciso para nos dar a conhecer as personagens, que não se limitam a um cineasta, um escritor e uma mulher que grita, são bem mais que isso, têm medos, paixões, inseguranças, sonhos. Nem o símio de 7 metros é apenas um macaco, uma besta, um monstro obcecado, mas sim um gigante sensível e apaixonado. Naomi Watts está soberba, não limitando a sua personagem à mulher assustada que berra pela vida, mas mostrando a sua beleza e inesgotável talento numa interpretação marcante. Andy Serkis, já anteriormente responsável pela perfeita criatura Gollum, volta a ser exímio no seu trabalho, aqui com todo o mérito para a sua expressão e movimentos sem qualquer apoio em texto.

O quadro que se vai desenhando ao longo dos minutos e o nosso conhecimento da história não nos prepara, ainda assim, para o comovente final. A ausência de texto não aborrece ou distrai o espectador, pelo contrário a respiração sustém-se ao som das notas de James Newton Howard e os olhares prendem-se à tela, quais ímanes, testemunhando aquela cumplicidade sublime entre dois seres tão diferentes, mas que partilham emoções transparecidas por esse poderoso e sincero espelho, o olhar. E a bela, a única capaz de enxergar para lá da aparência, pode ter matado a besta mas também lhe proporcionou os mais belos momentos da sua vida.

Um comentário:

Anônimo disse...

A critica está excelente, a Naomi está fabulosa. *