"And lo, the beast looked upon the face of beauty. And it stayed its hand from killing. And from that day, it was as one dead"
E é assim. É assim que em 3 horas o cinema se eleva ao seu estado mais puro e que damos graças por ainda existirem cineastas assim tão dedicados e apaixonados pela 7ª arte. Peter Jackson conseguiu mais uma vez, depois de realizar a trilogia de Tolkien à qual dedicou 10 anos da sua vida, eis que retoma um sonho antigo, o remake de King Kong, que esteve sempre presente num cantinho da sua mente desde que viu o original de 1933 e que o fez decidir-se por, daí em diante, sentir e respirar cinema.
Eram necessárias 3 horas para contar uma história que todos já conhecem? Sim. Peter Jackson demora o tempo preciso para nos dar a conhecer as personagens, que não se limitam a um cineasta, um escritor e uma mulher que grita, são bem mais que isso, têm medos, paixões, inseguranças, sonhos. Nem o símio de 7 metros é apenas um macaco, uma besta, um monstro obcecado, mas sim um gigante sensível e apaixonado. Naomi Watts está soberba, não limitando a sua personagem à mulher assustada que berra pela vida, mas mostrando a sua beleza e inesgotável talento numa interpretação marcante. Andy Serkis, já anteriormente responsável pela perfeita criatura Gollum, volta a ser exímio no seu trabalho, aqui com todo o mérito para a sua expressão e movimentos sem qualquer apoio em texto.
O quadro que se vai desenhando ao longo dos minutos e o nosso conhecimento da história não nos prepara, ainda assim, para o comovente final. A ausência de texto não aborrece ou distrai o espectador, pelo contrário a respiração sustém-se ao som das notas de James Newton Howard e os olhares prendem-se à tela, quais ímanes, testemunhando aquela cumplicidade sublime entre dois seres tão diferentes, mas que partilham emoções transparecidas por esse poderoso e sincero espelho, o olhar. E a bela, a única capaz de enxergar para lá da aparência, pode ter matado a besta mas também lhe proporcionou os mais belos momentos da sua vida.
Um comentário:
A critica está excelente, a Naomi está fabulosa. *
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