sábado, 24 de novembro de 2007

Closer de Mike Nichols


Será realmente a honestidade que nos marca como seres humanos? Será que é ela que preenche a nossa relação com os outros? Ou será que o fingimento ocupa, progressivamente, o local de destaque das nossas vidas? Mike Nichols, numa adaptação da peça teatral de Patrick Marber, retrata a perigosa teia onde estão presas quatro almas, na busca pela felicidade. Mas se em tantos outros filmes vemos os amantes marcados pela quase perfeição de sentimentos e intenções, em [i]Closer[/i] nada é primoroso ou consolador, tudo nos é exposto na sua forma crua, revelando os podres num jogo pérfido de sedução. O brilhante elenco entrega-se, por completo, a este deceptivo espetáculo humano. Quer Jude Law nas suas fraquezas e desilusões, quer Julia Roberts na sua tragédia contida e atitude subtil mas magoada, assinam interpretações sem mácula. Mas o destaque vai para os ditos “secundários”, que convencem e mais que isso, surpreendem. Clive Owen incarna um homem agressivo na sua honestidade e violento na imposição da sua vontade. Natalie Potman explora de forma exímia a sua personagem, dando vida a uma stripper encantadora, que se mostra por um lado impenetrável e convicta, mas por outro, meiga e mesmo inocente.

As personagens falham na sua demanda por felicidade, soterrando-se num clima de traição, drama e desilusão. Raras são as vezes que olhamos o mundo e os outros sem que uma máscara nos cubra a face. Mas ao ceder ao engano e simulação, onde se traça a fronteira? Quando é que sabemos se fingimos para os outros se para nós próprios?

Um comentário:

Anônimo disse...

(Quando é que sabemos se fingimos para os outros se para nós próprios?)
Complicada a resposta....
A mistura de sentimentos que o filme retrata está ssustador.Gostei muito.
Parebéns pelas criticas *