sábado, 24 de novembro de 2007

The Return of the King de Peter Jackson


Foi há 2 anos que esta intensa aventura teve início na tela e logo se apresentou como algo arrebatador e memorável. Se o verde da então imaculada Middle-Earth, nomeadamente do Shire, marca o primeiro capítulo desta saga, é o negro que mancha o segundo, fazendo-nos mergulhar no ambiente sombrio e temeroso. Depois de desejar mas nunca prever a magnitude de tais filmes, é com nervosismo e ansiedade que os admiradores do mundo fictício de Tolkien encaram a estreia do derradeiro e mais belo capítulo – The Return of the King.

E se já nos dois filmes anteriores assistimos ao empenhamento de todos que compunham esta enorme e exigente produção, é neste último filme que essa dedicação atinge o seu auge, que se traduz no esforço de maior aproximação à obra literária e não deixando nada ao acaso, cuidando todos os pormenores (aponto apenas uma falha que espero ser resolvida na extended version).

Apesar de marcada por batalhas que atingem uma magnitude inegável, a chama desta epopeia não se apaga nos conflitos de espadas (arcos, machados ou bastões), vivendo também intensamente nos conflitos interiores de cada personagem. A par com toda a produção artística, miniaturas, fotografia (excelente neste filme), destacam-se, merecidamente, as interpretações magistrais dos actores. Apesar de todos já terem dado provas do talento e dedicação à personagem, há que destacar Sean Astin, que mostrou grande crescimento como personagem, entregando-se completamente ao Sam, proporcionando-nos dos melhores e mais emotivos momentos do filme, cumprindo inteiramente a “simples” mas dura promessa “don’t you leave him, Samwise Gamgee”. Surpreendente para mim foi a interpretação de Elijah Wood, excelente na notável destruição de Frodo e magistral ao expor os efeitos do anel. Billy Boyd com o seu Pippin ultrapassa o seu mero carácter cómico dos filmes anteriores e apresenta-se neste com uma bravura e profundidade ilustres. Parte dos meus aplausos vão para o fantástico tratamento da personagem Gollum/Sméagol, uma das mais complexas personagens já criadas no mundo literário, decerto exigente na passagem para a tela. É-nos dada uma visão completa do que foi este ser, do que o constitui, do seu mundo dividido e conflituoso, que o persegue incessantemente.

Mas se tudo se conjuga e resulta na perfeição é, em grande parte, devido a Peter Jackson, arguto, munido de artifícios de realização, astúcia e criatividade, dá à luz este avassalador projecto. E agora que o pano se fecha fica a certeza que será obra intemporal e aplaudida, não só enquanto estiverem acesas as luzes do mediatismo, mas sempre que se pensar em bom cinema.

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